quarta-feira, 20 de maio de 2009

Destoa-se para chegar no Tom

Como existem caminhos tortuosos para quem quer sair da linha. Já dizia um amigo meu: "Andar na linha é bom, mas toma cuidado que quem anda muito na linha o trem pega".
É sempre muito mais tranquilo seguir o rumo que todos estão seguindo. "Siga o féretro", dizia minha finada vó. É muito mais cômodo, sempre muito mais simples. Não incomoda ninguém. Fazer parte do consenso muitas vezes antecipadamente fabricado, como bem relata o linguista e estudioso de mídia Noam Chomsky, torna a vida de muita gente muito mais prazerosa, principalmente de quem tá no comando, de quem possui as rédeas, de quem goza das benesses que envolvem a esfera do poder. Geralmente esses poucos privilegiados não são muito afeitos à críticas, não suportam serem avaliados. É como aquele detentor da palavra que, no alto do seu pedestal, trazendo em sua bagagem várias especializações nas melhores universidades do mundo, é interrompido por um impertinente simples mortal:

- Vossa excelência, permita-me discordar do senhor?

Desviar-se do caminho supostamente tranquilo nem sempre é tão difícil. A questão é manter-se firme nele. Essas trilhas geralmente possuem muitos obstáculos e, durante seu percurso, muitos vão ficando para trás. Sem apoio, sem contribuições, o grupo fai fraquejando, os suprimentos vão chegando ao fim, vai minguando, até chegar finalmente ao suspiro derradeiro do cansaço.
Destoa-se para chegar no Tom. Com acordes dissonantes a técnica torna-se mais apurada e atinge-se a harmonia, até que todos cantem a mesma melodia. Desvia-se para encontrar o caminho. Quanto maior o comboio, mais longe se chega. A semente tá plantada.

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