Oh Deus, quanta degradação moral, quanta falta de vergonha na cara, quanto despudor! As faces não mais ruborizam pelos cometimentos de desvios insanos. Não mais nos envergonha perpetrar deslizes e não assumir responsabilidades. Não nos traz mais constrangimentos a covardia, a falta de honradez, que tanto feria o Homem, com toda a acepção que essa palavra pode transmitir. O que antes feria princípios éticos, hoje nem mais arranha. A barbárie já não impressiona tanto, e não aflora o poder da indignação.
Desvios morais resultam em desvios comportamentais que refletem-se nas atitudes éticas, na etiqueta, como diz o teólogo Mário Sérgio Cortela, que são aquelas pequenas atitudes que praticamos no dia-a-dia, como abrir a porta do elevador para que o outro entre ou dar um sorriso de boas vindas para quem chega. Amesquinha-se o comportamento, deterioram-se valores éticos. Assim, privilégios são oferecidos para os supostamente mais espertos e vilipendiados são aqueles que arriscam manter suas atitudes com correção em meio a um turbilhão de maldades neste jardim repleto de ervas daninhas.
Faz-se necessário, com veemência e urgência, erguer os pilares da ética. Com base e colunas sólidas para que não cedam ao primeiro suborno. E que sejam mantidos com firmeza e solidez, sedimentados com os valores e princípios rígidos, oriundos da melhor massa formada desta mistura feita com braços fortes de várias cores, culturas e regiões do nosso povo brasileiro.
quarta-feira, 27 de maio de 2009
sábado, 23 de maio de 2009
Morre Zé Rodrix, o criador do rock rural
Aos vinte e dois dias do mês de maio deste ano de dois mil e nove nos deixou Zé Rodrix, em virtude de um enfarto. Nascido José Rodrigues Trindade no Rio de Janeiro em 1947, também foi publicitário e escreveu uma trilogia sobre maçonaria. Em 2001, reuniu-se novamente com a dupla Sá e Guarabyra, com quem consagrou-se e criou o Rock Rural. Ao lado de Tavito, Zé Rodrix compôs uma das mais belas canções da música popular brasileira, "Casa no campo", imortalizada na voz de Elis Regina e que reproduzo abaixo em sua homenagem.
"Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
Meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais"
"Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
Meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais"
quarta-feira, 20 de maio de 2009
Datena e os brucutus da Veja
Faz tempo que não aguento mais olhar prá cara do Datena na televisão. Quem paga seu gordo salário é a miséria que ele explora na tela todos os dias do seu programa, que lhe dão seus picos de audiência todos os dias. E, com a miséria exposta na tela, ele vocifera, clama por justiça para demonstrar indignação, como clama também do mesmo jeito os ratinhos e leões que existem por aí. A receita é a mesma e funciona muito bem, como demonstra, volto a dizer, os altos índices de audiência que nós, incultos telespectadores, damos a eles de presente todos os dias. Datena deveria nos brindar com uma bela taça do melhor champagne, pois nós merecemos.
E de brucutu ele não tem nada. Datena é um cara moderno, antenado, sabe o que faz e o que o povo quer. O repórter da Veja, ele sim brucutu, se presta a falar bobagens e a ser mais um fantoche, como tantos outros que escrevem na revista, sendo liderado por um tal de Reinaldo Mainardi, ou será Diogo Azevedo? Datena tem razão quando diz que a Veja deixou de averiguar e cobrir supostas compras de votos para a reeleição de FHC. Aliás, a blindagem tucana na Veja já não é de hoje. Há tempos que a revista Veja rompeu com a verdade, com o bom jornalismo, preferindo defender seu posicionamento político e atingir levianamente qualquer um que discorde desse seu posicionamento.
Datena e Veja, apesar das óbvias diferenças, possuem grandes semelhanças. São enormes, peso-pesados, ocupam espaço, físico e virtual. E possuem, pela posição que atingiram, uma enorme responsabilidade. Deveriam usá-la melhor, pois nós, sofridos brasileiros, agradeceríamos.
E de brucutu ele não tem nada. Datena é um cara moderno, antenado, sabe o que faz e o que o povo quer. O repórter da Veja, ele sim brucutu, se presta a falar bobagens e a ser mais um fantoche, como tantos outros que escrevem na revista, sendo liderado por um tal de Reinaldo Mainardi, ou será Diogo Azevedo? Datena tem razão quando diz que a Veja deixou de averiguar e cobrir supostas compras de votos para a reeleição de FHC. Aliás, a blindagem tucana na Veja já não é de hoje. Há tempos que a revista Veja rompeu com a verdade, com o bom jornalismo, preferindo defender seu posicionamento político e atingir levianamente qualquer um que discorde desse seu posicionamento.
Datena e Veja, apesar das óbvias diferenças, possuem grandes semelhanças. São enormes, peso-pesados, ocupam espaço, físico e virtual. E possuem, pela posição que atingiram, uma enorme responsabilidade. Deveriam usá-la melhor, pois nós, sofridos brasileiros, agradeceríamos.
Destoa-se para chegar no Tom
Como existem caminhos tortuosos para quem quer sair da linha. Já dizia um amigo meu: "Andar na linha é bom, mas toma cuidado que quem anda muito na linha o trem pega".
É sempre muito mais tranquilo seguir o rumo que todos estão seguindo. "Siga o féretro", dizia minha finada vó. É muito mais cômodo, sempre muito mais simples. Não incomoda ninguém. Fazer parte do consenso muitas vezes antecipadamente fabricado, como bem relata o linguista e estudioso de mídia Noam Chomsky, torna a vida de muita gente muito mais prazerosa, principalmente de quem tá no comando, de quem possui as rédeas, de quem goza das benesses que envolvem a esfera do poder. Geralmente esses poucos privilegiados não são muito afeitos à críticas, não suportam serem avaliados. É como aquele detentor da palavra que, no alto do seu pedestal, trazendo em sua bagagem várias especializações nas melhores universidades do mundo, é interrompido por um impertinente simples mortal:
- Vossa excelência, permita-me discordar do senhor?
Desviar-se do caminho supostamente tranquilo nem sempre é tão difícil. A questão é manter-se firme nele. Essas trilhas geralmente possuem muitos obstáculos e, durante seu percurso, muitos vão ficando para trás. Sem apoio, sem contribuições, o grupo fai fraquejando, os suprimentos vão chegando ao fim, vai minguando, até chegar finalmente ao suspiro derradeiro do cansaço.
Destoa-se para chegar no Tom. Com acordes dissonantes a técnica torna-se mais apurada e atinge-se a harmonia, até que todos cantem a mesma melodia. Desvia-se para encontrar o caminho. Quanto maior o comboio, mais longe se chega. A semente tá plantada.
É sempre muito mais tranquilo seguir o rumo que todos estão seguindo. "Siga o féretro", dizia minha finada vó. É muito mais cômodo, sempre muito mais simples. Não incomoda ninguém. Fazer parte do consenso muitas vezes antecipadamente fabricado, como bem relata o linguista e estudioso de mídia Noam Chomsky, torna a vida de muita gente muito mais prazerosa, principalmente de quem tá no comando, de quem possui as rédeas, de quem goza das benesses que envolvem a esfera do poder. Geralmente esses poucos privilegiados não são muito afeitos à críticas, não suportam serem avaliados. É como aquele detentor da palavra que, no alto do seu pedestal, trazendo em sua bagagem várias especializações nas melhores universidades do mundo, é interrompido por um impertinente simples mortal:
- Vossa excelência, permita-me discordar do senhor?
Desviar-se do caminho supostamente tranquilo nem sempre é tão difícil. A questão é manter-se firme nele. Essas trilhas geralmente possuem muitos obstáculos e, durante seu percurso, muitos vão ficando para trás. Sem apoio, sem contribuições, o grupo fai fraquejando, os suprimentos vão chegando ao fim, vai minguando, até chegar finalmente ao suspiro derradeiro do cansaço.
Destoa-se para chegar no Tom. Com acordes dissonantes a técnica torna-se mais apurada e atinge-se a harmonia, até que todos cantem a mesma melodia. Desvia-se para encontrar o caminho. Quanto maior o comboio, mais longe se chega. A semente tá plantada.
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