quarta-feira, 27 de maio de 2009

Que sejam erguidos os pilares da ética

Oh Deus, quanta degradação moral, quanta falta de vergonha na cara, quanto despudor! As faces não mais ruborizam pelos cometimentos de desvios insanos. Não mais nos envergonha perpetrar deslizes e não assumir responsabilidades. Não nos traz mais constrangimentos a covardia, a falta de honradez, que tanto feria o Homem, com toda a acepção que essa palavra pode transmitir. O que antes feria princípios éticos, hoje nem mais arranha. A barbárie já não impressiona tanto, e não aflora o poder da indignação.
Desvios morais resultam em desvios comportamentais que refletem-se nas atitudes éticas, na etiqueta, como diz o teólogo Mário Sérgio Cortela, que são aquelas pequenas atitudes que praticamos no dia-a-dia, como abrir a porta do elevador para que o outro entre ou dar um sorriso de boas vindas para quem chega. Amesquinha-se o comportamento, deterioram-se valores éticos. Assim, privilégios são oferecidos para os supostamente mais espertos e vilipendiados são aqueles que arriscam manter suas atitudes com correção em meio a um turbilhão de maldades neste jardim repleto de ervas daninhas.
Faz-se necessário, com veemência e urgência, erguer os pilares da ética. Com base e colunas sólidas para que não cedam ao primeiro suborno. E que sejam mantidos com firmeza e solidez, sedimentados com os valores e princípios rígidos, oriundos da melhor massa formada desta mistura feita com braços fortes de várias cores, culturas e regiões do nosso povo brasileiro.

sábado, 23 de maio de 2009

Morre Zé Rodrix, o criador do rock rural

Aos vinte e dois dias do mês de maio deste ano de dois mil e nove nos deixou Zé Rodrix, em virtude de um enfarto. Nascido José Rodrigues Trindade no Rio de Janeiro em 1947, também foi publicitário e escreveu uma trilogia sobre maçonaria. Em 2001, reuniu-se novamente com a dupla Sá e Guarabyra, com quem consagrou-se e criou o Rock Rural. Ao lado de Tavito, Zé Rodrix compôs uma das mais belas canções da música popular brasileira, "Casa no campo", imortalizada na voz de Elis Regina e que reproduzo abaixo em sua homenagem.

"Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa compor muitos rocks rurais
E tenha somente a certeza
Dos amigos do peito e nada mais
Eu quero uma casa no campo
Onde eu possa ficar no tamanho da paz
E tenha somente a certeza
Dos limites do corpo e nada mais
Eu quero carneiros e cabras pastando solenes
No meu jardim
Eu quero o silêncio das línguas cansadas
Eu quero a esperança de óculos
Meu filho de cuca legal
Eu quero plantar e colher com a mão
A pimenta e o sal
Eu quero uma casa no campo
Do tamanho ideal, pau-a-pique e sapé
Onde eu possa plantar meus amigos
Meus discos e livros
E nada mais"

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Datena e os brucutus da Veja

Faz tempo que não aguento mais olhar prá cara do Datena na televisão. Quem paga seu gordo salário é a miséria que ele explora na tela todos os dias do seu programa, que lhe dão seus picos de audiência todos os dias. E, com a miséria exposta na tela, ele vocifera, clama por justiça para demonstrar indignação, como clama também do mesmo jeito os ratinhos e leões que existem por aí. A receita é a mesma e funciona muito bem, como demonstra, volto a dizer, os altos índices de audiência que nós, incultos telespectadores, damos a eles de presente todos os dias. Datena deveria nos brindar com uma bela taça do melhor champagne, pois nós merecemos.
E de brucutu ele não tem nada. Datena é um cara moderno, antenado, sabe o que faz e o que o povo quer. O repórter da Veja, ele sim brucutu, se presta a falar bobagens e a ser mais um fantoche, como tantos outros que escrevem na revista, sendo liderado por um tal de Reinaldo Mainardi, ou será Diogo Azevedo? Datena tem razão quando diz que a Veja deixou de averiguar e cobrir supostas compras de votos para a reeleição de FHC. Aliás, a blindagem tucana na Veja já não é de hoje. Há tempos que a revista Veja rompeu com a verdade, com o bom jornalismo, preferindo defender seu posicionamento político e atingir levianamente qualquer um que discorde desse seu posicionamento.
Datena e Veja, apesar das óbvias diferenças, possuem grandes semelhanças. São enormes, peso-pesados, ocupam espaço, físico e virtual. E possuem, pela posição que atingiram, uma enorme responsabilidade. Deveriam usá-la melhor, pois nós, sofridos brasileiros, agradeceríamos.

Destoa-se para chegar no Tom

Como existem caminhos tortuosos para quem quer sair da linha. Já dizia um amigo meu: "Andar na linha é bom, mas toma cuidado que quem anda muito na linha o trem pega".
É sempre muito mais tranquilo seguir o rumo que todos estão seguindo. "Siga o féretro", dizia minha finada vó. É muito mais cômodo, sempre muito mais simples. Não incomoda ninguém. Fazer parte do consenso muitas vezes antecipadamente fabricado, como bem relata o linguista e estudioso de mídia Noam Chomsky, torna a vida de muita gente muito mais prazerosa, principalmente de quem tá no comando, de quem possui as rédeas, de quem goza das benesses que envolvem a esfera do poder. Geralmente esses poucos privilegiados não são muito afeitos à críticas, não suportam serem avaliados. É como aquele detentor da palavra que, no alto do seu pedestal, trazendo em sua bagagem várias especializações nas melhores universidades do mundo, é interrompido por um impertinente simples mortal:

- Vossa excelência, permita-me discordar do senhor?

Desviar-se do caminho supostamente tranquilo nem sempre é tão difícil. A questão é manter-se firme nele. Essas trilhas geralmente possuem muitos obstáculos e, durante seu percurso, muitos vão ficando para trás. Sem apoio, sem contribuições, o grupo fai fraquejando, os suprimentos vão chegando ao fim, vai minguando, até chegar finalmente ao suspiro derradeiro do cansaço.
Destoa-se para chegar no Tom. Com acordes dissonantes a técnica torna-se mais apurada e atinge-se a harmonia, até que todos cantem a mesma melodia. Desvia-se para encontrar o caminho. Quanto maior o comboio, mais longe se chega. A semente tá plantada.
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