sexta-feira, 30 de outubro de 2009

Diploma e curso de jornalismo

Uma discussão muito recorrente e que anda gerando má interpretação entre os envolvidos no tema é sobre a diferença entre a necessidade do diploma de jornalismo e a necessidade do curso superior de jornalismo. A questão aqui é sobre experiência com formação, ou formação com experiência.
Sou a favor do curso, mas não do diploma para o exercício do jornalismo. A principal função do jornalismo é informar, e informação é um direito de todos, não pode e não deve estar nas mãos de alguns poucos e grandes grupos de comunicação, como se poucas famílias pudessem monopolizar e ter o direito de decidir o que pode ser fato (informação) ou não. Parto desse princípio para defender minha posição. No entanto, estudar jornalismo nunca fez e nunca fará mal a ninguém. Aliás, devemos estudar para adquirir fundamentação e bagagem e, para algumas formações, não precisa ser necessariamente dentro de uma faculdade (estou falando especificamente do curso de jornalismo). Existem bons livros e cursos que auxiliam muito no aprendizado da arte de se fazer jornalismo. E para informar, faz-se necessário possuir habilitações que podem ser aprendidas dentro de um curso de jornalismo ou dentro de uma redação. Por isso, ter diploma e ter curso de jornalismo são coisas bem diferentes. Grandes jornalistas foram formandos dentro de grandes redações e outros grandes jornalistas também fizeram curso de jornalismo.

As bases legais do jornalismo

A revista Imprensa do mês de Outubro de 2009 tem como matéria de capa o falecimento do jornalismo, intitulada "Morte anunciada", que tem como responsáveis Pamela Forti, Igor Ribeiro e Ana Ignacio. Na matéria, são elencados os prováveis sete sintomas que seriam os responsáveis por esta falecimento. Um deles é sobre a perda das bases legais do jornalismo e o fim do diploma seria uma delas. A falta de legalidade não está no recurso interposto pelo STF a favor da falta de obrigatoriedade do diploma, e sim, na PEC dos jornalistas que tem como autor o deputado Paulo Pimenta (PT-RS). Essa PEC representa, no mínimo, questionar a decisão máxima da maior instância do Poder Judiciário do Brasil. É bom lembrar que Gilmar Mendes apenas proferiu a decisão da maioria dos responsáveis pela decisão.

Caminhos do jornalismo

Não vou aqui elencar sintomas, e sim caminhos para que o exercício desta nobre função não pereça.

1) Aumentar o comprometimento e, consequentemente, o vínculo com o leitor, para aumentar a credibilidade da informação. O mais importante nesse processo tem que ser o leitor. Faz-se necessário que aumente o cordão umbilical entre o leitor e os donos das publicações. A queda vertiginosa de audiência dos telejornais e da venda de jornais impressos tem como responsáveis a internet mas, principalmente, a omissão constante da informação pelos grandes grupos. Com a internet, a produção da informação e de opiniões se prolifera rapidamente, fazendo com que fatos escondidos acabem vindo à tona;

2) Absorver conteúdos de confiabilidade da internet pelos grandes grupos, principalmente de blogs. Os blogueiros têm que ser parceiros na difusão e análise da notícia, e muitos deles acabam conquistando credibilidade pela lacuna deixada pelos jornalões;

3) Não subestimar a capacidade de análise do leitor na utilização de técnicas manipulativas. Hoje, com a internet, a divulgação da "verdade" é muito rápida e simples. E o leitor está aprendendo a ler jornais e assistir telejornais. Com a democratização, cresceu a mídia independente e, com isso, análises alternativas são distribuídas muito facilmente tanto de forma impressa como em debates na mesa do bar.

4) E trazer o outro lado, princípio básico com grande fundamento ético. Quem ganha é a credibilidade, quem ganha é o leitor, quem ganha é a sociedade e, principalmente, quem ganha é o jornalismo.
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